Coleção de arte guia reforma de apartamento brasiliense da década de 1960
A reforma assinada pelo BLOCO Arquitetos – do elenco CASACOR Brasília – partiu de uma intervenção respeitosa à arquitetura original do apartamento de 245 m²

Para acomodar a extensa coleção de arte dos moradores deste apartamento localizado na “quadra modelo” de Brasília, de 1961, o projeto de reforma assinado pelo BLOCO Arquitetos – do elenco CASACOR Brasília – partiu de uma intervenção respeitosa à arquitetura original, ao mesmo tempo em que eliminou o excesso de compartimentação da planta original do edifício para criar um espaço amplo, integrado às obras de arte e às necessidades contemporâneas dos clientes.

Projetado originalmente pelos arquitetos Marcelo Campello e Sérgio Rocha, o apartamento de 245 m² apresentava uma configuração tradicional, com a sala de estar separada da sala de jantar por uma parede e uma área de serviço linear que ocupava toda a fachada posterior do edifício.

Durante o período da reforma, os moradores viviam no Japão, o que proporcionou aos arquitetos tempo suficiente para estudar a viabilidade da intervenção. A obra, iniciada em 2020, foi conduzida à distância. No processo, foi revelada e mantida exposta uma marcante estrutura de concreto original, incluindo uma mão-francesa em destaque na sala, além de outras vigas e pilares de concreto em ambientes como sala, cozinha e quartos.

Um dos principais objetivos da intervenção foi eliminar a compartimentação entre as áreas sociais e os antigos espaços de serviço, ampliando a circulação e promovendo integração. Os dois quartos de serviço originais foram removidos para dar lugar a uma nova área de serviço, mais compacta. A cozinha foi reposicionada junto à fachada posterior, com cobogós, e passou a se integrar à área social ampliada. Essa nova configuração criou uma ligação direta entre as fachadas frontal e posterior do apartamento, proporcionando ventilação cruzada e entrada de luz natural em todos os ambientes sociais.

O lavabo foi reposicionado próximo à entrada, e o primeiro quarto deu lugar a uma biblioteca, que abriga grande parte dos objetos da coleção dos moradores em uma estante feita sob medida.

O piso original do apartamento foi inteiramente recuperado, por meio de um processo de retirada, retificação e reinstalação nas fases finais da obra. Um dos maiores desafios do projeto foi acomodar a vasta coleção de arte dos moradores. Para isso, estantes, painéis e os próprios elementos estruturais aparentes foram cuidadosamente planejados para servir de suporte às obras, que tiveram seus locais de instalação definidos previamente. As peças, vindas de Tóquio, chegaram ao apartamento próximo à conclusão da obra.

O resultado é um espaço que conecta diferentes épocas por meio da arte – do modernismo à contemporaneidade – refletindo, assim como Brasília, uma síntese harmoniosa entre história e atualidade.






















